Ao se pronunciar em público, alguns executivos mal preparados cometem deslizes com o bom português e, literalmente, atropelam a gramática. Fazem nove anos; para mim entender; meia prejudicada são erros primários que mostram lacunas no preparo de porta-vozes.
Veja os erros gramaticais mais comuns:
Fazem muitos anos
Relembrando: quando o verbo fazer se refere a tempo ou indica fenômenos da natureza, deve permanecer na terceira pessoa do singular, pois é impessoal, não tem sujeito e por isso não pode ser flexionado. O certo é: Faz sete anos que resido em São Paulo. Faz dois meses que estou na empresa.
Houveram comentários
A mesma regra deve ser aplicada para o verbo haver quando usado no sentido de existir. Por exemplo: Havia formigas em cima do bolo, e não haviam formigas. Houve comentários favoráveis à proposta, e não houveram.
Explique melhor para mim entender
O pronome pessoal eu deve sempre ser usado antes do verbo no infinitivo. Só se usa o ‘mim’ quando não houver um verbo depois do ‘para’ – Maria trouxe os documentos para mim – ou para completar o sentido de adjetivos (É impossível para mim aceitar esta proposta).
Estou me sentindo meia prejudicada
É uma incorreção flexionar o advérbio meio. O deslize deixa a imagem do interlocutor meio prejudicada, e não meia prejudicada. Já o adjetivo meia tem flexão: meia entrada, meia carga…
Haja visto
A expressão não existe. O correto é haja vista, terceira pessoa do imperativo do verbo haver acrescida de vista, um substantivo feminino. Exemplo: Haja vista as informações de suborno noticiadas pela mídia.
Quando ele vir ao seu encontro
Para não errar, lembre-se de que o verbo vir exige a forma vier. Quando ele vier para o trabalho… – e não: Quando ele vir… Por outro lado, o verbo ver exige a forma vir. Se os médicos virem o diagnóstico – e não Se os médicos verem…‘